Pequenópolis…

Acho que aconteceu em Pequenópolis, interior do Mato Grosso. Um meteóro atingiu o solo no meio da madrugada. Apenas seu José e dona Maria, agricultores locais viram o fato. No meio do milharal, uma certa luminosidade fez seu José pegar a velha carabina 22. Dona Maria correu buscar o terço, benzeu-se e pos-se a seguir os passos do marido. No meio da clareira de pés de milho retorcidos, uma estranha bolota de metal brilhante. Dentro dela, uma criança branquela de cabelos pretos e imensos olhos azuis, envolto num manto vermelho. Seu José achou que fosse obra do tinhoso e descarregou a 22 sem dó.  Dona Maria gritou, Valha-me Deus! Vendo que o menino continuava sorridente em meio a bolota metálica, Dona Maria fez o sinal da cruz, rogou ajuda a Jesus e São Francisco, de quem era devota fervorosa, e cuspiu a saliva santa na cara do cramunhão-menino. A bolota de metal fechou-se, escondendo o chororô do filhote de cruz-credo. Um zumbido estridente fez com que seu José e dona Maria caíssem para trás. Dona Maria cobriu o rosto invocando a proteção de Nossa Senhora a Virgem Maria, sua xará. Seu José ainda conseguiu dar mais um tiro com a garrucha que sempre levava presa na cintura.  A bolota deixou um feixe de luz que foi visto por toda a Pequenópolis, acordada com os tiros e o zumbido. 30 anos depois, já beirando os 97 anos, no balcão do bar do seu Onofre, segurando sua dose de pinga, seu José ainda conta a história do cramunhão-criança, o filhote de cruz-credo que levou 12 tiros de carabina, uma cusparada purissantificada de dona Maria – que Deus a tenha – e ainda assim saiu, palavras do seu José, avuando pelos céus. Na mesa ao lado, Carlinhos, neto de seu José e de dona Maria, lê em seu tablet sobre o tal Homem de Aço que apareceu, palavras de Carlinhos, lá nos istêitis!

#crônicasdeumterráqueo

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