Fita K7…

Sou daquelas pessoas que ainda ouvem rádio. Pelas manhãs, enquanto preparo meu café, ouço o noticiário num aparelhinho sem vergonha, daqueles comprados em camelôs, bem chineses, bem baratinhos. Às vezes ouço o noticiário no rádio do carro, mas o habitual dentro do carro é eu ouvir música. Basicamente alterno entre duas estações, aquela do noticiário e uma outra que tem sua programação dedicada exclusivamente ao Rock & Roll e seus sub-gêneros. O Rock & Roll sempre foi a minha praia, ainda que eu goste muito de outros gêneros. Às vezes me deleito com um Puccini, um Beethoveen, um Mozart, para ficar nos mais popstars. Às vezes me deixo embalar por alguma moda de viola, daquelas bem sofridas, que cantam as amarguras do caipira, mas me deixo levar também por aquelas que cantam as alegrias. Só não sou muito chegado aos sertanejos que, universitários, se enveredam pelas cenas urbanas, pois se é para ser urbano, prefiro a periferia do Punk, o Sex and Drugs das pedras rolantes. O mundo do Rock é vasto. Meu espectro de preferências gravita mais no prazer que as melodias me proporcionam que nos vanguardismos ou ativismos. É que sempre tem aquele povo para o qual música deve ter mensagem, deve chacoalhar bandeira, deve causar rupturas artístico-conceituais-performáticas, seja lá isso o que for! Pois para mim, música é e pode ser apenas música. No rádio toca um roquinho do Nickelback, banda que faz, ao meu ouvir, um sonzinho honesto, sem grandes pretenções, sem grandes bandeiras, é gostoso de ouvir. Tem gente que não gosta, xinga, fala mal e ainda dá espinafrada em quem ouve. É aquela velha história: gosto é gosto, cada um tem o seu. Nos tempos dos bailinhos de garagem, a molecada nem ligava se a música tinha uma poética complexa e declamava nuances nerudianas do amor. Bastava ter um ritmo lento, ser gostosinha de ouvir, pois nos bailinhos o objetivo mesmo era ficar de rosto colado com a crush, sentir-se o maioral ao dançar com a menina mais bonita da turma. Vanguardismos e salvem as baleias não tinham vez, apenas as baladinhas mela-cueca do Brian Adams. E por falar nisso, certa vez, lá pelos fins dos anos 1990, num tradicional motel da cidade, numa suíte que vinha equipada com um aparelho de som, um Micro System Aiwa, encontrei nele, esquecida, uma fita cassete do Jethro Tull – sim, uma fita cassete. Quem, pensei eu à época, transa ouvindo Jethro Tull? Vai saber quais fantasias sexuais passaram pela cabeça de um casal ao som de Aqualung! Bem, desnecessário dizer que a ocasião faz o ladrão, assim, naquela noite… Aaaquaaaluuuuuuuung. Oi? A fita? Perdeu-se em alguma gaveta qualquer!

#crônicasdeumterráqueo

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